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[In] Satisfação x Presentes

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style="width: 100%;" data-filename="retriever">O presente é uma coisa que se dá a alguém para agradecer, felicitar, retribuir, agradar, comemorar, tanto que é sinônimo de benesse, dádiva, graça, mimo, e brinde. Muitos têm problemas para escolher um presente e vêem esta ação como um ato faraônico. Eu estou escalada no time dos que gostam de comprar, fazer, escolher, e se envolver na sua aquisição, mas reconheço que, por vezes, não é fácil.

Num dia destes, com amigos, falamos sobre os presentes recebidos no Natal 2020. Grande número deles estava contente, mas muitos estavam insatisfeitos com o que os familiares e amigos lhes deram. Alguns trocaram por outra coisa, outros repassaram, na certeza de que terceirizando o mimo diluiriam a decepção, uns esconderam ou guardaram com embalagem, e teve os indiferentes, os do grupo onde uma BMW ou um alfinete sem ponta tem o mesmo valor, já que consideram insignificantes os presentes recebidos por terem tudo de tudo e dois.

 Naquele dia lembramos nossa amiga Lu, apelidada de Seu Nonô, por analogia ao personagem da novela Amor Com Amor Se Paga, de 1984. Era pão-duro e tinha um tesouro. Como ele, Lu guarda tudo no pacote. Nas ocasiões especiais repassa, e por ser distraída, já deu um presente a quem lhe dera, causando uma situação constrangedora.

No bate-papo, questionei: se acham que os presentes não foram bons, pensem em quanta dádiva recebemos diariamente, sem embalagem, e nem notamos? O simples fato de estarmos vivos no ano da pandemia é um presente. Termos de graça todo dia cérebro, coração, músculos, ossos, glândulas, e tantas outras coisas internas funcionando britanicamente, garantindo nossa existência, sem pedir nada em troca, sem percebermos seu funcionamento, permitindo que andemos adiante com qualidade, isto é um presente no presente.

São muitos os mimos que ganhamos da vida sem notar. Vejam que nas suas quebradas nos aproximamos de pessoas que são gentis conosco, nos ajudam gratuitamente, gente que, talvez, não reencontraremos, nem reconheceremos ou agradecemos bem, outros que ficaram ao nosso lado, nos incentivando, escorando, animando para que não sucumbíssemos.

No final do papo vimos que a vida nos dá livremente muita coisa. O réveillon é uma. Quando estamos cansados, não aguentamos mais, o combustível está acabando, vem o Ano Novinho nos abastecer, dar razão para caminhar, e uma esperança inexplicável de que tudo vai melhorar, tudo dará certo, ficará bem. Alguma coisa muda dentro da gente de um dia para o outro. Percebemos que não é o ano que é novo: é a gente que renovou.

Caro leitor: notaste que nosso maior presente é viver com saúde rodeada das pessoas que amamos, que nos amam, nos valorizam e se importam conosco? Que o verdadeiro presente é abstrato, único, exclusivo, diferente de qualquer coisa concreta que possamos receber?


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